Imagine uma cidade com 18 milhões de habitantes, com poucas ruas demarcadas e quase nada de sinalização, por onde é gerado um caos entre automóveis, ônibus, motos e rickshaws, as típicas carroças puxadas por um chofer.
Agora, imagine tentar pegar um ônibus da rede de transporte público sem um mapa e sem conhecer que serviço funciona para chegar a um lugar específico. Tendo em conta que para algumas pessoas é muito custoso movimentar-se dentro de sua cidade, claramente em Dhaka, a capital de Bangladesh, para muitos custaria ainda mais porque não existe um mapa com os percursos dos ônibus da rede de transporte público.
Para mudar isso, Urban Launchpad, um grupo de técnicos de Boston idealizou um plano: perguntar aos habitantes de Dhaka como suas cidades melhorariam - já que normalmente ninguém pergunta sobre este tipo de assunto - e desenvolver um mapa digital que permita que as pessoas possam transladar-se em sua própria cidade, porque mesmo os próprios residentes locais não conhecem todas as rotas dos ônibus. Com este trabalho, a equipe técnica do projeto se propôs a melhorar a experiência de viagem nos ônibus, somar mais passageiros à rede de transporte público e reverter a tendência de utilizar automóveis privados.
Como Bangladesh se projeta como uma potência econômica para 2050, que inclusive poderia chegar a superar os países ocidentais, segundo um estudo publicado no The Guardian, cada vez se faz mais necessário ordenar o território e definir os espaços de circulação entre os automóveis, ciclistas e pedestres, para influenciar de maneira positiva na qualidade de vida de seus habitantes e evitar novos veículos no âmbito dos motorizados, o que pioraria a qualidade do ar, geraria mais problemas e desconforto entre os condutores.
Para elaborar o mapa, o grupo Urban Launchpad viajou no ano passado para Dhaka e trabalhou em conjunto com a organização local Kewkradong. Ambos enviaram um grupo de oito voluntários, que utilizaram um smartphone para gravar as rotas, as condições das viagens e opiniões dos passageiros. Em uma semana, a equipe andou em 270 ônibus de duas linhas e conversou com 1.000 pessoas, o que lhes permitiu criar um mapa segundo quatro critérios: congestionamentos, tempos de viagem, perfil dos passageiros e o que os faria mais felizes.
Com todos estes dados, ambos os grupos elaboraram o mapa através de um aplicativo para ipad e smartphones. Entretanto, como a maioria da população de Dhaka não conta com um desses aparelhos, os criadores inscreveram seu projeto no Kickstarter, uma plataforma digital de financiamento de projetos. Com isso, poderão incluir no mapa todas as linhas de ônibus da cidade e também - numa primeira etapa - produzir, imprimir e distribuir 1.000 mapas entre os cidadãos. Além disso, os criadores acordaram com Kickstarter que, para cada descarga da aplicação, a empresa financiará a impressão de cinco mapas.
Depois de desenvolver esta fase de identificação dos percursos, Stephen Kennedy, membro de Urban Lauchpad, reconheceu que "uma das partes mais difíceis do projeto de navegação era simplesmente saber qual ônibus pegar".
Agregou além disso que, "próximo à parada de ônibus de Kazipara, no bairro Mirpur, contamos com cerca de 180 ônibus que em um período de 20 minutos cruzaram a mesma interseção. Considerando que nem todos os ônibus possuem letreiros que indiquem sua rota, a viagem se faz mais difícil para qualquer cidadão. No caso dos turistas, é ainda mais complicado, porque os poucos letreiros que existem estão em bengali (idioma oficial de Bangladesh). Por isso, nos mapas que elaboramos incluímos no verso, imagens atuais dos ônibus, com os códigos das rotas definidos para cada bairro".
No futuro, a equipe também espera analisar como melhorar outros aspectos dos ônibus e construir várias "info-estruturas" que incluirão sinalização de paradas de ônibus, a empresa operadora de cada ônibus e GPS. Além disso, tem pensado em incluir alertas de tráfego, levantamento dos motoristas e instalar pontos de wifi gratuitos para realizar o rastreamento dos ônibus.
Texto por Constanza Martínez Gaete via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.
